Julian seguiu a mulher um tanto assombrado, mas não era muito de se deixar impressionar por essas coisas. Subiram alguns degraus, atravessaram um coredor escuro e cheio de quadros , que ia dar numa sala muito grande e bem iluminada, com rica decoração. Lá estava o dono da casa, que o chamara, era um senhor de cerca de setenta anos, mas bem forte e conservado, cabelos grisalhos, vestido de cinzento, que o recebeu afavelmente e agradeceu muito a Julian por ter vindo com tanta presteza.
Foi então que Julian tomou um grande susto, pois em cima do piano estava nada mais nada menos que um enorme cão da raça Pitbull, um legítimo red nose, cor de caramelo com peito branco, e seus olhos verdes pareciam fitar friamente o rapaz! O sr. Armando riu e o tranquilizou, disse que era um cão empalhado. Julian, aliviado, mas ainda suando frio, riu também do seu engano e do seu susto, mas o fato era que o cachoro parecia incrivelmente vivo e pronto a saltar sobre ele a qualquer momento.
O dono da casa convidou-o então a sentar-se, mandou vir sanduíches e suco e começou a contar que aquele fora seu cão de estimação, quase como um filho, e que seu nome era Vlad. Quando morrera, cinco anos antes, ele não quisera se privar totalmente da presença de seu fiel amigo, já que era viúvo, perdera num desastre o filho e a nora, e o neto que estudava no exterior e agora ia chegar, era o único parente que lhe restava. Conseguiu então o endereço de um famoso taxidermista, um empalhador de animais, que lhe cobrara uma pequena fortuna mas fizera uym trabalho perfeito, a tal ponto que Julian tomara um grande susto, tomando-o por um cachoro vivo.
Julian, depois de lanchar quis começar logo seu trabalho, o velho subiu com ele as escadas e abriu a porta de um quarto, que seu neto deveria ocupar assim que chegasse. Disse a Julian que ficasse a vontade e que, como decerto iria terminar tarde e começara a chover, seria um prazer hospedá-lo aquela noite, pois existiam numerosos quartos de hóspedes. Que estaria em seu quarto, caso precisasse de alguma coisa.
Julian agradeceu, abriu sua maleta e iniciou logo a instalar o computador de última geração. Começara a chover forte e relâmpagos e trovões se sucediam, um atrás do outro. Então de repente a luz se aspagou.
Mas que merda, pensou Julian irritado, desse jeito não vou conseguir terminar. E saiu pelo corredor a procurar o dono da casa, ou a governanta, mas não encontrou ninguém, como se houvessem evaporado.
Julian desceu as escadas aos tropeções, à luz dos relâmpagos que clareavam tudo com sua luz expectral. Foi então que, chegando na sala, ouviu o rosnar de um cão.
Incrédulo de pavor, viu o pitbull mover-se, com os dentes areganhados, os olhos cheios de uma luz diabólica, pular de cima do piano e aremeter contra ele, sedento de sangue! O resto foram somente trevas eternas. Então o sr. Armando surgiu, enquanto Vlad devorava vorazmente a carne de Julian, formando uma grande poça de sangue no tapete. No dia seguinte ele jogaria os restos mortais no poço nos fundos da casa. Depois de satisfeito, Vlad, com o focinho manchado de sangue fresco, correu para o colo de seu dono, que o acariciou ternamente, enquanto olhava para o que restava do corpo de Julian com uma certa pena.
- Desculpe, rapaz, não é nada pessoal, mas. amo meu cachoro acima de tudo!
FIM
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