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Cratera do Fim do Mundo



12 de fevereiro de 2016, estou escrevendo estas palavras em um bloco de papel, contarei o que passei nos últimos dias . Em novembro de 2015 o mundo como conhecemos acabou.

Estava passando um final de semana com minha mulher e meu filho de três anos na nossa chácara. No sábado pela manhã acordei com um grande estrondo, era um trovão que tamborilava. Ainda meio sonolento, ouvi os sons de pássaros voando de forma esquizofrênica. Minha esposa acordou e perguntou o que estava acontecendo, no outro quarto nosso filho começou a chorar.
Senti o chão estremecer e a estrutura da casa começou a tremer, parecendo querer desabar. Corremos para o quarto do meu filho, minha esposa o pegou no colo e juntos fomos para a porta ver o que estava acontecendo. Quando a abrimos parecia que estávamos vendo uma cena de filme catástrofe. O chão a nossa volta estava ruindo, tudo desaparecia em imensos buracos que aparentavam não ter uma profundidade calculável. Visualizamos a uns 30 metros de distância um pequeno tatu que corria freneticamente em nossa direção, enquanto uma imensa cratera vinha em seu encalço, o pobre animal foi engolido pelas trevas e desapareceu em meio à poeira provocada pela cratera.
Corremos para o interior da casa e ficamos abraçados esperando o pior acontecer. Depois de uns 30 minutos o barulho cessou. Saímos e ficamos abismados. Apenas a nossa casa e mais uns 20 metros ao redor tinham ficado normais, o restante parecia uma grande imensidão de nada, como se estivéssemos à beira de um grande abismo.
Não tínhamos o que fazer, sem energia, sem sinal de celular. Não sabíamos se aquele desastre havia ocorrido em outros locais ou somente naquela região. Verificamos o estoque de água, havia metade de um galão de 20 litros e mais outro cheio; alguma comida enlatada, bolachas frutas e leite na geladeira.
Ficamos sem saber o que fazer por algumas horas, minha esposa chorava copiosamente, quando de repente ouvimos um som gutural surgir das entranhas do abismo, era um som que lembrava os dinossauros do cinema ou monstros alienígenas. Corri para cozinha e peguei uma faca, mas depois de alguns minutos o estranho rugido cessou.
Passamos vários dias racionalizando água e comida, esperando que um avião ou helicóptero nos resgatasse. Minha esposa começou a ter comportamentos estranhos, muito agitados, até que um dia, quando estava na sala de estar mostrando um antigo livro infantil para o meu filho, ela se dirigiu para a porta, estava chorando bastante, perguntei o que estava acontecendo e ela respondeu apenas “adeus”, abriu a porta e saiu correndo em direção ao abismo. Corri o máximo que pude, mas não consegui alcança-la. Ela se atirou para o infinito profundo. Olhei para trás e vi meu filho na porta gritando e chorando.
Depois de alguns dias tudo ficou “normal”, na medida do possível. Meu filho parecia ter amadurecido uns cinco anos durante aqueles poucos dias e sempre perguntava quando a mãe iria voltar.
Há uma semana, estava procurando alguma coisa que servisse para distrair o meu filho. Achei um antigo brinquedo de madeira e fui levar para ele. Vi que a porta estava aberta, ele sempre brincava perto da casa. Ouvi um grito e fui rapidamente em sua direção, não acreditei quando vi aquela cena horripilante. Uma enorme criatura voadora, parecida com um pterossauros estava prestes a pegar meu filho com suas garras. Gritei e fiz gestos para tentar afugentar a criatura, mas foi em vão. O ser pegou meu filho com em suas garras e logo o levou para as profundezas da cratera. Cai de joelhos olhando sem acreditar naquele terrível pesadelo.
A água e a comida acabou há dois dias, não sinto mais esperança, só me resta ir com dignidade.
Seu nome era Josué, ele escreveu suas últimas notas e foi em direção ao abismo. Ao chegar à beirada, pensou na mulher e no filho, e com lágrimas escorrendo de seus olhos, se jogou de costas no penhasco. Ao cair, a última coisa que pensou ter visto foi a imagem de alguns caças do exercito sobrevoando o céu vermelho sangrento que mostrava cada vez mais longe a medida que ele caia para a escuridão eterna.
No ano de 2014 crateras gigantes começaram a surgir na Rússia, os cientistas diziam que eram por causa de um efeito relativo a gazes e gelo acumulados no solo, até que no começo de 2015 as crateras começaram a surgir na Índia e no México. Ninguém imaginava o que estaria por vir.

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Autor Patrick Neves

O tipo bom de má companhia...

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