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Histórico e invicto: o caminho do Timão até o título da Libertadores

Em meio às polêmicas de Adriano e problemas no ataque, Corinthians é campeão amparado pela força do grupo e no poder de decisão de Emerson

Por Carlos A. Ferrari e Leandro CanônicoSão Paulo

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Levantar a taça da Libertadores era pouco para o Corinthians calar os rivais, acabar com anos de sofrimento da Fiel e pôr fim às provocações. Para sair da fila, o Timão abusou, realizou uma campanha quase irreparável desde a primeira fase e coroou os ótimos números com uma conquista invicta, feito que não acontecia no maior torneio das Américas desde 1978, com o Boca.
O Alvinegro terminou a edição 2012 com oito vitórias e seis empates, o que resultou num aproveitamento de 71,4% dos pontos. O desempenho ofensivo, grande problema do técnico Tite durante o primeiro semestre, não foi dos melhores, com apenas 21 gols marcados (média de 1,5 por jogo). A defesa compensou qualquer dificuldade. Foram somente quatro sofridos (0,28 por confronto).
O ataque pode não ter sido o mais positivo, mas o time de operários soube se dividir também na hora de fazer os gols. Nada menos que dez jogadores balançaram as redes ao longo da campanha: Emerson (cinco), Danilo (quatro), Paulinho (três), Jorge Henrique (três), Elton (um), Liedson (um), Douglas (um), Fábio Santos (um), Alex (um) e Romarinho (um).
– Eu ainda não tenho dimensão do que é essa conquista – disse Tite.
Corinthians comemorando, Libertadores (Foto: Marcos Ribolli  / Globoesporte.com)Jogadores do Corinthians dão a volta olímpica com a taça (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Primeira fase: sustos só com Adriano Colocado no Grupo 6, o Corinthians não teve problemas para superar seus três primeiros adversários e avançar. A estreia, porém, foi angustiante. O Timão complicou um jogo teoricamente tranquilo contra o Deportivo Táchira, na Venezuela, mas voltou ao Brasil com um empate por 1 a 1 graças ao gol de Ralf, de cabeça, no último lance da partida.
A equipe embalou dentro de campo, mesmo com a turbulência vivida fora dele. Depois de bater o Nacional-PAR por 2 a 0, no Pacaembu, o grupo viajou ao México para encarar o Cruz Azul, considerado o rival mais forte do grupo. Enquanto isso, em São Paulo, a diretoria perdeu a paciência com Adriano - que havia sido inscrito na Libertadores com a camisa 10 - e decidiu dispensá-lo. A bomba não atingiu o time, que arrancou um empate sem gols na Cidade do México.
Adriano corinthians treino (Foto: Piervi Fonseca / Globoesporte.com)Adriano foi inscrito na Libertadores com a 10, mas
não jogou e foi dispensado (Foto: Agência Estado)
Sem a maior estrela do elenco à espera de uma oportunidade para jogar, o Corinthians fez um segundo turno perfeito, com vitórias sobre o Cruz Azul (1 a 0) e Nacional (3 a 1), além da goleada por 6 a 0 sobre o Táchira, encerrando a fase de grupos em grande estilo.
Em seis partidas, foram quatro vitórias e dois empates, sendo 13 gols marcados e somente dois sofridos – aproveitamento de 77,8% dos pontos, que rendeu ao Timão a segunda melhor campanha da primeira fase, atrás apenas do Fluminense.
Oitavas: Emelec atropelado no Pacaembu A expectativa cresceu em torno do Corinthians no mata-mata, principalmente porque, dias antes, o time foi eliminado do Paulistão em jogo único contra a Ponte Preta, no Pacaembu. O que Tite queria aconteceu: evitar um confronto contra outro brasileiro. O Emelec-EQU foi o adversário e não mostrou resistência: empate por 0 a 0, em Guayaquil, e vitória tranquila por 3 a 0, no Pacaembu.
Criava-se, porém, uma nova forma de jogar. Com Liedson e Elton em baixa, o treinador optou por mudar o esquema tático, abandonando a formação com um centroavante fixo na área. Jorge Henrique e Emerson seguiram abertos pelos lados, mas agora contando com Alex e Danilo no revezamento de quem seria o “camisa 9”.
Outra mudança importante foi no gol. Julio Cesar acabou barrado depois das falhas diante da Macaca e deu lugar ao gigante Cássio, até então pouco testado. A desconfiança, porém, durou pouco. O goleiro fez boas defesas nos dois jogos contra os equatorianos e ganhou rapidamente a torcida.
Corinthians x Vasco, Paulinho (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Paulinho marca contra o Vasco e abraça torcedor na festa  (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Quartas: Paulinho garante a vaga Não demorou muito para o Timão ter pela frente um brasileiro. Justamente o Vasco, seu grande adversário durante toda a campanha do título nacional em 2011. Mais uma vez, os paulistas levaram vantagem. A grande fase da defesa foi decisiva para isso. O empate sem gols, em São Januário, deixou a decisão para o Pacaembu lotado.
Foi o gol mais importante da minha vida"
Paulinho
Mas o sofrimento com que a Fiel tanto se acostumou a conviver estava presente no segundo duelo. Em um jogo tenso, o Corinthians não fez uma grande exibição, mas lutou. E como lutou para vencer. Primeiro, Tite acabou expulso e precisou dar orientações em meio aos torcedores nas arquibancadas. Depois, Cássio foi quem se transformou em herói ao defender um chute à queima-roupa de Diego Souza, evitando o gol vascaíno que poderia acabar com o sonho.
Por fim, quem brilhou foi um dos ícones do Timão sem estrelas. Aos 43 minutos do segundo tempo, Paulinho subiu entre os zagueiros e, de cabeça, aproveitou um escanteio certeiro batido por Alex para colocar a equipe nas semifinais pela segunda vez na história.
- Foi o gol mais importante da minha vida, da minha carreira, não tenha dúvida – vibrou Paulinho.
Emerson e Neymar, Santos x Corinthians (Foto: Marcos Ribolli  / Globoesporte.com)Neymar, do Santos, foi superado por Emerson, do Corinthians (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Semifinais: Timão elimina o Santos de Neymar e GansoO caminho até o título tinha também um dos grandes adversários do Corinthians nos últimos anos. O Santos, liderado por Muricy Ramalho, vinha embalado da conquista da Libertadores de 2011 e do tricampeonato paulista em 2012. Mas, dentro de campo, o Timão provou que estava pronto para ser campeão.
O duelo na Vila Belmiro deu demonstrações disso. Mesmo fora de casa, o Corinthians foi melhor durante praticamente toda a partida e venceu por 1 a 0, golaço marcado por Emerson no primeiro tempo. Neymar e Paulo Henrique Ganso foram anulados pela ótima marcação e nem de longe foram os craques que os santistas esperavam.
A partida em São Paulo, contudo, não foi nada tranquila. Isso porque Neymar, ainda no primeiro tempo, colocou o Peixe em vantagem. Mas ela durou pouco. No início do segundo tempo, Danilo empatou e recolocou os corintianos no controle do jogo, iniciando a contagem regressiva para a inédita classificação.
– A classificação é pouco para a história, para as nossas ambições, mas registra muito a qualidade que esse grupo tem – afirmou Tite.
Corinthians x Boca Juniors, Danilo (Foto: Marcos Ribolli  / Globoesporte.com)Danilo teve grande atuação contra o Boca Juniors (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Finais: com Sheik herói, Fiel enche a boca para gritar é campeão Para chegar à taça, o Corinthians ainda teve de superar um dos mais tradicionais clubes da América do Sul. O Boca Juniors, dono de seis títulos em nove finais, apostou em sua mítica história na competição para atrapalhar, mas não foi páreo para o grande momento alvinegro. No primeiro duelo, na Bombonera, um desconhecido se transformou em herói. Romarinho saiu do banco para, aos 40 minutos do segundo tempo, tocar pela primeira vez na bola e garantir o empate por 1 a 1.
O finalíssima também foi marcada por muita tensão. O Boca igualou o jogo voluntarioso do Corinthians no primeiro tempo e sustentou a igualdade. Riquelme não aparece tanto, mas a sólida defesa soube controlar as principais investidas de um Timão um pouco ansioso para decidir o duelo.
Na etapa final, porém, brilhou a estrela de quem tem o diferencial técnico em um elenco de guerreiros: Emerson. Primeiro, teve o oportunismo de um centroavante para aproveitar um desvio de Danilo e bater no canto direito do goleiro. Mais tarde, arrancou pelo campo adversário, deixou a marcação para trás e tocou com estilo para fazer 2 a 0 e dar início à festa.
– Em nenhum momento deixamos de acreditar na conquista. É uma conquista inédita para o clube. É hora de comemorar – disse o herói do jogo.
Liedson e Emerson com a taça da Libertadores (Foto: Agência AP)Liedson e Emerson com a taça da Libertadores (Foto: Agência AP)
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Autor Patrick Neves

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