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A escuridão e a morte- HISTÓRIAS DE TERROR


A escuridão e a morte
Por: Guilherme Martins
 

A pobre garota andava sozinha pela rua de dia e de noite, como se ninguém a visse, mas um garoto percebeu e passou a observá-la todos os dias, era uma garota muito bonita, loira e de pele clara. A cidade era sempre nublada, pois ficava no topo da serra, o garoto acompanhava de longe a garota pela cidade toda.
Um dia o jovem enfrentou seu medo e decidiu ir falar com a bela garota, com a voz tremula e muito nervosismo ele parou na frente dela e disse que parasse, sua voz tremeu um pouco e finalmente perguntou:
- Olá, qual o seu nome?
- Meu nome é importante? - a jovem responde com outra pergunta e sai andando como se nada tivesse ocorrido.
Nos dias que se seguem o jovem fica confuso, mas continua a seguir a menina, apesar de um estranho sentimento de sua voz ser assustadora. Na verdade a voz da jovem foi doce a calma, porém deixou um estranho medo no garoto.  Uma semana após o ocorrido ele decide falar novamente com a garota
-Qual o seu nome? - ele pergunta dessa vez com uma voz forte e corajosa.  Dessa vez e a jovem responde com a mesma pergunta
-Meu nome é importante?
-Sim - ele responde, mas seu nervosismo da primeira vez estava de volta. - quero saber o nome da garota mais bela do mundo.
 - Eu não sou a mais bela do mundo, não sou nem uma pessoa. - ela responde deixando ele ainda mais nervoso.
 -Então o que é você?
 -Posso ser um anjo, ou um demônio, também posso ser um fantasma ou quem sabe eu nem exista. O que você acha que eu sou? Acha mesmo que sou a mais bela do mundo se nem sabe o que sou? Garanto-lhe uma coisa não sou uma garota comum. - após isso ela foi embora andando novamente como se nada tivesse ocorrido e o garoto ficou lá imóvel por alguns minutos antes de finalmente ir embora.
Em casa sua mente não parava de pensar no que a garota havia lhe dito mais cedo, antes de dormir o jovem, como sempre ligou o computador e viram às fotos de sua mãe que morava longe afinal seu pai havia sido assassinado há muito tempo e sua mãe ficara louca e o deixará sozinho e emancipado. Ele raramente comia algo que não fosse pré-pronto, hoje não havia sido exceção, após comer escovou os dentes e se deitou, mas não conseguiu dormir e ficou olhando pela janela, até que em um momento ele viu jovem parar e olhar para ele, seu coração acelerou e eles se encararam por menos de um minuto, até que de súbito o jovem caiu no sono.
Na manhã seguinte era a sua ultima semana de férias, era inverno e a cidade estava mais fria que o de costume, o garoto se agasalhou bem antes de sair, decidiu não seguir a garota dessa vez, Fo até a padaria tomar o café da manhã e depois foi na praça da cidade refletir sobre a garota, mesmo não a seguindo ele não conseguia evitar pensar nela. Após horas de reflexão o jovem decidiu falar com ela novamente.
Procurou a garota pela cidade toda até finalmente encontrá-la numa parte mais afastada da cidade. Ele a encarou por dois minutos sem falar nada e ela fez o mesmo, então finalmente ele disse
-Me diga o seu nome.
-Isso é mesmo importante? - ela respondeu novamente.
-Sim, pois sem seu nome não vou poder saber quem é você.
-Por que você quer saber quem eu sou?
-No inicio foi porque te achava bonita, mas agora tenho curiosidade de saber o que você é.
-Muito bem, meu nome é "Tenebris". O que vai fazer com essa informação é problema seu. - disse ela calmamente, novamente a jovem partiu sem falar mais nada e continuou a andar pela cidade, deixando o garoto com o coração a cem por hora. Em sua casa o jovem decide que irá acordar cedo para pesquisar sobre a menina.
Primeiro foi ao cartório checar o que há de informações sobre a menina, mas descobre que não há nada lá que prove a sua existência, era uma segunda-feira e ficava mais frio a cada dia, apesar e a cidade estar em um ponto alto o frio estava aumentando mais que o normal. O garoto vai até a escola e procura saber se a jovem está matriculada, mas descobre que não, era estranho já que ele acreditava que a garota tivesse a mesma idade que ele.
Ele Foi à biblioteca e procurou saber o significado do nome da jovem, então descobriu que significava: "escuridão" em latim. "O que levaria uma mãe a chamar sua filha de escuridão?" ele perguntou-se, então se lembrou de que a bela jovem tinha profundos olhos escuros, mas ainda era um nome pesado para uma criança.
Não querendo encarar a garota até entender mais sobre a situação passou a noite na biblioteca, mas não descobriu nada de útil e decidiu ir embora de manhã, ao chegar em casa foi direto para a cama dormir. Nos dias seguintes ele só pesquisou sobre a garota sem obter resultado. Após o fim da semana as aulas recomeçaram e ela não encontrava a garota em lugar algum da escola. O jovem decidiu que iria encontrar a garota e matar suas duvidas de uma vez por todas.
Na sexta-feira o jovem procurou a garota durante a noite e não demorou muito para encontrá-la, ela estava na praça parada de baixo de uma arvore observando as estrelas. Quando o jovem se aproximou ela disse:
-Finalmente você veio.
- Eu quero te perguntar uma coisa. - ele respondeu
 -Deixe-me te perguntar primeiro: qual é o seu nome? - a garota pergunta ao jovem.
-Meu nome é "Mortuus", agora me diga: o que é você?
- Você está mesmo curioso. Eu sou simplesmente algo que não existe.
-Como assim? Você esta aqui agora mesmo.
-Estou aqui só para você, pois você tem um grande vazio dentro de você.
 -Ainda não entendi.
 -Seu nome significa "morte" porque você é como eu. Eu sou a escuridão, o espírito que a personifica, e você é a morte. - a jovem explica ao garoto, agora mais confuso do que nunca.
-Eu não estou morto! Eu tenho registros e memórias como prova. - o jovem responde com a voz forte.
-Correto, você não está morto, você é a morte. A vida que você tem hoje veio do seu desejo de conhecer a vida, por isso você não tem contato com seu "pai" não é que esteja morto é que ele não existe, ele só não existe e sua "mãe" é uma mulher que viu seu poder e ficou louca, por isso ela ficou com essa posição, para não te atrapalhar.
-Isso não faz sentido. Como eu poderia não existir?! Isso é...
De súbito a garota lhe deu um beijo e ambos se transformaram, a garota se tornou uma mulher de uns vinte anos que deixava seu corpo totalmente despido, e o garoto se tornou um homem de vinte anos também, mas sua memória havia voltado e ele se lembrara do que realmente era: um espírito que personificava a morte.
 -Venha minha querida - disse Mortuus -, é hora de deixarmos  o plano dos vivos e voltarmos para nosso próprio mundo.
-Me diga meu querido, por que você tinha tanto interesse por esses mortais?
-Porque eles têm uma habilidade que nós, espíritos não temos há muito tempo. A capacidade de sorrir, de ter curiosidade, de sentir amor e piedade pelo próximo, apesar de vários deles estarem perdendo essas capacidades.
 - Esses sentimentos são realmente bons?
 -São as melhores capacidades deles. É uma pena estarem perdendo isso, logo serão apenas cascas vazias.
- Me conte mais sobre esses sentimentos, mas antes vamos de volta ao nosso mundo - então atravessaram um portal de ferro negro e com símbolos amedrontadores, logo desapareceram numa névoa negra e o portão sumiu, mas a cidade não deu pela falta deles nos dias seguintes, como se nunca tivessem existido.
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Autor Patrick Neves

O tipo bom de má companhia...

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