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O Último-HISTÓRIA DE TERROR-MADRUGADA DOS MORTOS


O Último



Por: João Pedro Ruggieri

 

Estava no alto de um prédio do centro da cidade. Esperava uma pessoa que há muito tempo não via. Ele não era bem uma pessoa, era mais... Uma coisa. Mas isso não importava mais. Não para mim.
Meu nome é Frederik, mas também sou conhecido como Morte. Você não deve estar se importando com isso. Você vai saber minha história em breve.
- Morte - disse uma voz atrás de mim - Faz tantos anos, meu amigo.
- Eu não sou seu amigo - disse eu para o dono da voz -, Christopher.
Christopher saiu das sombras, onde se escondia há centenas de anos. Ele fez uma reverência para mim e disse:
- Assim você me ofende. Mas, enfim. Vim cumprir minha promessa.
Anos atrás Christopher me fizera uma oferta tentadora. Ele me daria cem anos de imortalidade, cumprido o prazo ele me transformaria em um ser da sua raça. Ele era algo que as pessoas esqueceram há séculos. Ao menos os verdadeiros. Christopher era um vampiro.
- Ande logo! - eu disse - Quanto antes começarmos mais cedo vai acabar.
Chris aproximou-se de mim e agarrou meu pescoço. A dor que senti - e a última que sentiria - era fora do comum, suas presas queimavam minha garganta, sentia o veneno se espalhar por todo meu corpo. Foi algo que não queria sentir nunca mais. Parei de ouvir as vozes que vinham da rua, as luzes foram desaparecendo aos poucos. Meus olhos se fecharam e nada mais vi.
Acordei em um lugar estranho, era escuro e cheirava enxofre. Levantei-me e cambaleei por muito tempo até chegar a uma escadaria. Apesar da escuridão, eu ainda enxergava. Desci as escadas com dificuldade. Chamei por Chris, mas ninguém me respondeu. De repente senti minha jugular doer, era a mordida do vampiro. Parecia que havia formigas andando sob minha pele, e que elas picavam todos meus músculos. Cai e rolei as escadas.
Quando parei de rolar eu estava em frente a uma imensa construção de mármore. Rastejei até a entrada do local que se assemelhava a uma das doze cassa do santuário, só que era negra e com tochas do lado de fora. Ouvi passos se aproximarem, mas eu estava tão dolorido que não consegui levantar minha cabeça.
Um par de sapatos mocassins negros apareceu como num passe de mágica em minha frente. O dono dos sapatos me agarrou e me levou para dentro. Consegui ver o rosto de meu salvador, era branco como a neve, seus olhos eram negros como a noite, e sua cabeça tinha um formato oval. O homem me colocou sobre uma mesa de mármore que ficava na frente de uma estátua de pedra.
A estátua era de um homem magro e alto, tinhas duas presas saindo de sua boca aberta e não tinha olhos. Quando estava quase dormindo notei algo saindo da boca da estátua. Uma enorme serpente saiu de dentro da estátua e se enrolou em meu corpo. Ela me olhou nos olhos, fiquei hipnotizado ao ver seus olhos assustadores. Ela mordeu-me no mesmo local onde Christopher me mordera. Gritei de dor.
Acordei em outro lugar. Estava em um local apertado e escuro. Havia uma tampa naquela coisa, levantei-a. Espantei-me ao ver que estava dormindo em um caixão de madeira.
- Ah - exclamou Christopher ao ver-me acordar - Finalmente retornou!
- Onde estive? Por que estou em um caixão? Que lugar é esse?
- Uma pergunta de cada vez! Primeiro: Você está em um caixão porque seu eu te deixasse em um lugar qualquer, seria pulverizado pelos raios solares. Segundo: Aqui é meu lar, ou melhor, nosso lar. Fica nos subterrâneos da cidade. Espero que goste, porque irá passar boa parte do tempo aqui. Terceiro e último: Você esteve no mundo dos mortos. Você atravessou o inferno para poder se tornar meu sucessor!
- Eu atravessei o inferno? - gritei - Mas eu não vi nenhum ser além de um homem estranho que usava mocassins e tinha o rosto deformado.
Christopher pegou um rato que passava no chão, arrancou sua cabeça e deixou o sangue cair em uma taça.
- Beba isso. Você atravessou apenas uma pequena parte do inferno. O mundo dos mortos se divide em cinco grandes ilhas no mar de lava. A primeira ilha, a qual você passou, é a entrada do inferno, muitos podem entrar, mas poucos conseguem sair. Você é o único que sai de lá em cem anos.
Bebi um gole do sangue, ele era espesso e tinha um gosto forte, bebi até a última gota. Eu sei, muitos de vocês devem estar enojados, mas eu estava com tanta fome, que comeria qualquer coisa, até mesmo... Humanos.
- Você disse que sou seu sucessor! O que quis dizer com isso?
Chris sorriu maliciosamente.
- Você entenderá mais tarde. Agora venha, sei que ainda está com fome.
De fato, eu estava morrendo de fome. Chris abriu uma grande porta de ferro que dava a uma sala. Dentro dessa sala havia mulheres nuas. Elas afastaram-se quando nos viram.
- Mulheres mortais. - disse Christopher - O sangue delas é mais quente e saboroso. Faça o que quiser.
Saltei sobre uma das mulheres, enquanto devorava seus órgãos ela gritava até os gritos cessarem.
Poderia terminar agora de contar essa história, mas estou ficando sem tempo. O sol está quase nascendo. Devo me retirar para casa.
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Autor Patrick Neves

O tipo bom de má companhia...

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